Apenas 8% dos dominicanos se identificam como negros

Santo Domingo, 18 Mar Apenas 8% dos dominicanos se definem como negros, de acordo com os resultados de uma pesquisa publicada esta sexta-feira na capital do país, onde os afrodescendentes representam a maioria da população. Em contraste, 45% dos dominicanos se consideram indianos, 18% se definem como brancos, 16% como pardos e 9% pardos, de acordo com a Pesquisa de Autopercepção Racial e Étnica da República Dominicana, que entrevistou 1.309 pessoas com mais de 18 anos de idade. A pesquisa, que visa contribuir para a geração de diálogo e reflexão sobre afrodescendentes no país, foi realizada pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e foi apresentada durante o Drum Dialogue, uma atividade organizada para abordar a questão das pessoas de ascendência africana no país. A pesquisa revelou que os entrevistados se identificam com até 27 categorias étnicas raciais, incluindo índio claro, índio canela, branco claro e branco escuro, marrom claro ou “lavaito” (lavadito). À medida que o nível educacional aumenta, acrescenta, há uma tendência maior de se identificar como mulato e menos tendência a se considerar indiano ou branco. Em uma idade mais avançada, há uma tendência menor de se identificar como parda e uma maior tendência de se descreverem como indianas, enquanto as mulheres tendem a se identificar mais como morenas. Na apresentação, o vice-ministro da Política Externa Multilateral, Rubén Silié, afirmou que na República Dominicana “somos todos afrodescendentes, até brancos, e devemos reivindicá-lo”. Silié explicou que no país existem preconceitos raciais e uma “falsa” construção da nacionalidade, impostas por “correntes dominantes”, que se baseiam em uma herança cultural da época da independência e da ditadura de Rafael Trujillo (1930-1961). Ele explicou que desde que a República Dominicana conquistou a independência do Haiti, no século 19 houve uma tentativa de “transformar todas as referências culturais” da República Dominicana para a cultura hispânica e espanhola, e o “ingrediente negro” da nacionalidade dominicana foi “embotado”. Essa negação do negro também foi mantida na ditadura de Trujillo, época em que o indigenismo também era exaltado, o que explica por que muitas pessoas se identificam como indígenas, apesar de os povos nativos da ilha terem sido exterminados no século XVI. A apresentação da pesquisa contou com a presença do vice-presidente da Costa Rica, Epsy Campbell; e do diretor para a América Latina e o Caribe da UNPFA, Harold Robinson Davis, entre outros.

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